REFORMA PROTESTANTE
Os 500 anos da Reforma Protestante, que abalou o mundo
POR MÍRIAM
LEITÃO
02/01/2017
10:35
Ancelmo
Gois me pediu para escrever um texto sobre a Reforma Protestante e o publicou
na coluna do primeiro dia do ano. O momento em que Martinho Lutero rompeu com a
Igreja Católica e iniciou a Reforma está completando 500 anos em 2017. É,
sobretudo, um fato laico porque provocou profudas transformações na sociedade
da época. Abaixo o artigo: “Como em
toda revolução, o ato inicial da Reforma Protestante foi feito sem que o padre
e professor Martinho Lutero tivesse a noção da dimensão das transformações das quais
aquele momento seria o marco inaugural. Ele queria o debate. E, por isso,
afixou suas 95 teses na porta da Igreja de Wittenberg, num texto em que
convidava quem não pudesse estar presente a apresentar suas ideias por escrito.
A Igreja Católica
passara a conceder o perdão mediante contribuições financeiras. Lutero considerava que isso era venda do perdão, o
qual só poderia ser concedido por Deus diante do arrependimento e da fé. Eram
curtas, as teses de Lutero, mas profundas. Como a de número 76: ‘As indulgências
papais não podem anular sequer o menor dos pecados veniais.’ Foi o começo do fim de uma era.
Em 2017,
o ato de Lutero faz 500 anos. A sucessão dos eventos foi avassaladora. Ele
contestava o poder do Papa quando o mundo queria discutir a separação entre a
Igreja e o Estado, e os países exigiam autonomia nacional. Lutero combatia a
ideia de que só os sacerdotes podiam interpretar o texto sagrado e, por isso,
traduziu a Bíblia para disseminá-la. Com a invenção do tipo móvel por Johannes
Gutenberg, estava aberta a possibilidade de impressão em grande escala. Para que as ideias
avançassem pela Europa, era preciso que houvesse mais leitores, e isso
alavancou os movimentos de alfabetização dos fiéis. O mundo foi
mudando. A própria Igreja Católica passou por mudanças a partir dali.
Desafiada, ela encontrou o caminho de se fortalecer na Contrarreforma. Apesar de
ter nascido de uma discussão teológica e doutrinária, a Reforma é, sobretudo, uma efeméride laica porque representou valores universais que marcaram o
fim da Idade Média e prenunciaram o Iluminismo.
Com meu
pai, conversava ainda menina sobre a Reforma, mas, apesar de ser um tempo de
maior distância entre as religiões, ele não a apresentava como uma ideologia
anticatólica, mas como um momento de avanço do mundo das ideias. Afinal, para
os protestantes, Lutero não é santo. Foi apenas um homem que contestou o poder
vigente e, naquele momento, ajudou a abrir as janelas para uma nova forma de
pensar. Por ter
tido educação protestante, nunca achei que 31 de outubro é o dia das bruxas.
Sempre foi o dia em que Lutero, em 1517, começou uma revolução”.
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