CANSADO
SÉRGIO MORO DIZ NÃO À POLÍTICA E SOBRE LULA NÃO QUIS FALAR
Ele negou a
possibilidade de que os processos sejam enviados a um outro juiz.
O juiz Sergio Moro afirmou nesta segunda-feira (2) que o trabalho da Operação
Lava Jato em Curitiba se aproxima do fim, mas que "o movimento
anticorrupção" no Brasil tomou outras formas e seguirá por outros
caminhos.
"Em Curitiba há os contratos da Petrobras e das pessoas que se
beneficiaram deles. Elas já foram processadas, e acredito que está indo para a
fase final. Mas o rótulo de Lava Jato existe, faz parte do movimento
anticorrupção", afirmou o magistrado, que conduz os processos da operação
na capital paranaense.
Moro esteve em São Paulo para receber uma homenagem da Universidade Notre Dame,
dos EUA, com um título da instituição que já foi dado a personalidades como
Madre Teresa de Calcutá.
O prêmio foi entregue em um almoço no hotel Fasano. O juiz fez o mesmo discurso
duas vezes - em inglês e depois em português.
Ele não especificou a data em que a força-tarefa será completada no Paraná.
"Boa parte do trabalho foi feita, mas isso não significa que não tem
trabalho."
Ele negou a possibilidade de que os processos sejam enviados a um outro juiz:
"Estou cansado, foi um trabalho duro, mas não há previsão concreta de
tirar [o processo da] vara".
Ditadura
A ditadura militar foi "um grande erro", disse Moro na solenidade.
A democratização, de acordo com o magistrado, trouxe novos problemas.
"Houve abuso do poder público para benefício privado, e a democracia exige
a regra da imposição da lei."
Os brasileiros, segundo o juiz, perceberam os efeitos perniciosos da corrupção
durante o escândalo do mensalão, mas o movimento para combatê-la se fortaleceu.
Para ele, acabou no país a era dos "barões ladrões" (referência ao
fim do século 19, nos Estados Unidos, quando grandes empresários se
aproveitaram do Estado para enriquecer).
Moro não respondeu se a aceitação ou não da denúncia contra o presidente Michel
Temer na Câmara dos Deputados poderia pôr essa tese em risco. "Não dei
declarações durante o impeachment da presidente Dilma, não vou me colocar desta
vez", justificou-se.
Denunciado sob acusação de obstrução da Justiça e participação em organização
criminosa, Temer faz articulações com deputados para tentar barrar o seguimento
da investigação.
Eleição
"Quem fizer pesquisa eleitoral que inclua meu nome perderá seu tempo. Já
fiz essa afirmação categoricamente", disse o juiz. Seu futuro, disse, é
como magistrado.
Moro, que tem descartado concorrer a presidente, alcançou empate técnico com o
ex-presidente Lula em simulação de segundo turno na última pesquisa Datafolha,
divulgada neste domingo (1º). Esse hipotético confronto, de acordo com o
levantamento, seria o único em que o petista não venceria o adversário.
Quando um repórter estrangeiro lhe perguntou se a possibilidade de uma eleição
de Lula, condenado por ele na Lava Jato, representaria o fracasso do trabalho
anticorrupção, Moro não respondeu, afirmando que há outros processos em curso.
Por fim, o magistrado defendeu as prisões preventivas, argumentando que
"nunca foram usadas para forçar colaborações". Afirmou que elas são
um mecanismo que existe para proteger as pessoas e que a maioria das prisões
determinadas por ele não foi revertida por instâncias superiores.
Fonte: Folha PE
Nenhum comentário:
Postar um comentário