SÓ QUEM SAI GANHANDO COM TUDO ISSO QUE
ACONTECE NO BRASIL É O LULA
Janio: a crise abasteceu Bolsonaro
POR FERNANDO BRITO ·
27/05/2018
Como
se observou aqui, já há três dias, o grande beneficiário da crise
provocada com a paralisação do abastecimento de combustível foi Jair Bolsonaro,
porque é inveitável que, à falta de autoridade de um governo ilegítimo, cresça
o clamor por soluções autoritárias, por mais que se saiba que as práticas
autoritárias não apenas retardadoras daquilo a que a realidade econômica traz
ao país.
Estamos
sendo acostumados, a poder de desgoverno, a achar que a força é o caminho de
resolução dos problemas e, é claro, quando a força é o argumento da razão,
perdem a razão os que não a tem: os fracos, os pobres, os excluídos.
Janio
de Freitas, hoje, na Folha, aprofunda esta análise.
Janio
de Freitas, na Folha
Reuniões
de militares fora dos quartéis, para “discutir a situação”, só poderiam ser
vistas como prática de civismo se o passado brasileiro, a partir do golpe da
República, não as intrigasse com o espírito da democracia.
A
gravidade da situação não esperou, para pretextar reuniões, o tumulto
provocado por empresários e autônomos de carga rodoviária. Pode mesmo
haver quem ligue uma coisa à outra, ao menos como conhecimento prévio.
Há
poucos dias, Michel Temer pediu ao comandante do Exército uma conversa privada.
O general Villas Bôas deu ao ministro da Defesa conhecimento do convite, é
provável que depois relatasse a conversa, mas nada extravasou a respeito
(ainda). O que confirma um lado nebuloso na realidade que logo ferveria, na
segunda-feira 14, com a eclosão das reações ao terceiro aumento do diesel em
uma semana.
Os
efeitos rápidos e brutos da retenção de cargas e de combustível configuraram o
aspecto socioeconômico e, em escala bem menor, a parte óbvia dos reflexos
políticos da greve. Nestes reflexos há, no entanto, um aparente subproduto que
pode ser ou tornar-se o principal, e não o sub.
É a
implicação eleitoral da ação grevista. Henrique Meirelles é prejudicado,
Alckmin perde algo por sua complacência com Temer e com o governo. Os demais
ganham alguma coisa, exceto um, que ganha muito.
VAMOS
TRADUZIR ESTE PARÁGRAFO:
É a
implicação eleitoral da ação grevista QUE DIZ A REALIDADE DO MOMENTO. Henrique
Meirelles é O MAIOR prejudicado, Alckmin perde algo por sua complacência com
Temer e com o governo OU SEJA, O PSDB NO GERAL. Os demais ganham alguma coisa,
BOULOS, MARINA, CIRO, exceto um, O LULA que ganha muito. SÓ QUEM SAI GANHANDO
COM TUDO ISSO QUE ACONTECE NO BRASIL É O LULA.
Na
gravidade e nos modos, a situação provocada pelos caminhoneiros empresariais e
autônomos se ajusta, com precisão, ao que Jair Bolsonaro diz e
representa para o eleitorado. O governo fraco e frouxo, a falta de ordem e de
quem a ponha sob controle, o Congresso dos negocistas, o alto Judiciário
confuso e confundindo, e a população indignada, a esperar das “autoridades” a
solução que não vem. O candidato e os caminhoneiros sabem o que fazer.
“Sabe
que todo caminhoneiro vota no Bolsonaro, né?”. É a informação do chefe de um
dos núcleos do movimento, em conversa transcrita no melhor jornalismo de
cobertura desses dias: a colheita da repórter Josette Goulart, do site e da
revista Piauí, na sua original participação em quatro grupos de WhatsApp de
lideranças da obstrução. A informação não surpreende, mas talvez ilumine
algumas sombras da situação.
Nesses grupos “se espalham”, como Josette constatou, “vídeos de militares apoiando o movimento e incentivando os caminhoneiros a não desistirem”. Não desistiram. E enriqueceram suas exigências: além de preço rebaixado do diesel, “renúncia de Temer e antecipação das eleições”. Em certa contradição com “o slogan frequente”: “Intervenção já”.
Nesses grupos “se espalham”, como Josette constatou, “vídeos de militares apoiando o movimento e incentivando os caminhoneiros a não desistirem”. Não desistiram. E enriqueceram suas exigências: além de preço rebaixado do diesel, “renúncia de Temer e antecipação das eleições”. Em certa contradição com “o slogan frequente”: “Intervenção já”.
De
quem? Não seria preciso dizer.
Mas
os taxistas e donos de carros particulares que de repente se juntaram,
quinta-feira, para destroçar o pedágio da Linha Amarela, próxima da Barra da
Tijuca, preferiram não deixar dúvida. Do nada, surgiu entre eles uma faixa:
“Intervenção militar”. A dúvida sobreveio, porém, trazida pelas outras
informações: a faixa e a “intervenção militar” eram uma exigência ou a
identificação de autoria do ataque agitador?
Por mais que os efeitos da greve sejam vistos e sentidos, há mais obscuridade do que clareza por aí.
Por mais que os efeitos da greve sejam vistos e sentidos, há mais obscuridade do que clareza por aí.
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