JOAQUIM MOREIRA, DO INSS,
FALA PORQUE VEIO PARA SÃO MIGUEL/RN
ENTREVISTA REALIZADA
NO INSS
DE SÃO MIGUEL, ESTADO DO RIO
GRANDE DO NORTE
JOAQUIM MOREIRA NETO, 53 anos de idade, é mais uma dessas
entrevistas que somam ao caráter ético deste quinzenário, foi realizada em seu
gabinete de trabalho, no INSS, centro de São Miguel, Estado do Rio Grande do
Norte. Com bastante desenvoltura, que lhe é peculiar, Joaquim Moreira
demonstrou uma aptidão grande no que diz respeito as questões sociais, fator
importante demais para a solução dos problemas das pessoas menos favorecidas na
Região da Serra do Camará.
Ele é casado com dona Maria Serionilda Fernandes Moreira e
tem 3 filhos: Heloísa, Heitor e Henrique, mora em São Miguel desde outubro de
16 quando escolheu São Miguel para morar. Vamos à entrevista em si:
JORNAL - Quem é Joaquim Moreira?
JOAQUIM - Joaquim Moreira é um cidadão brasileiro, servidor
público federal, concursado, 35 anos de serviço junto à previdência social. Já
exerci vários cargos em institutos, fui
gerente de Pau dos Ferros, Alexandria e por último São Miguel. Comecei a
trabalhar em Natal, em 85. Sou filho de Bonifácio Fernandes e dona Maria da
Conceição Moreira Fernandes. Uma família de cinco irmãos, todos de Uiraúna,
Paraíba. Minha primeira professora foi Maria de Ana. Sou formado em Ciência
Contábeis pela UFRN em 87. Primeiro ponto sou católico praticante, coisa que
gosto, simples, do interior, sou muito interiorano e tenho uma preocupação
dentro de mim com as pessoas necessitadas. Essa coisa já vem de meu pai, ele
era dono de farmácia e quebrou várias vezes por causa dessa característica, é
uma herança do pai.
JORNAL - Objetivo de vida, normalmente os objetivos de vida
se renovam a cada manhã, ainda tem objetivos pessoal e profissional?
JOAQUIM - O principal objetivo de vida é ser honesto com o
cidadão, é reconhecer e conceder os direitos do cidadão. O pessoal e principal
são os filhos, o futuro profissional dos meus filhos, são três formaturas,
estão próximos de serem realizados. - E cita as formaturas dos filhos com
orgulho.
JORNAL - Está perto de se aposentar?
JOAQUIM - Eu tenho tempo mas não tenho a idade, vou ter que
trabalhar mais alguns anos. Eu não penso muito em aposentadoria, eu penso muito
em ter saúde, como ser humano eu digo todo dia a todos, enquanto Deus me der
saúde eu quero trabalhar, se eu tiver que sair daqui e não tiver outra
atividade para trabalhar, eu vou endoidar, então eu tenho que estar ocupado, e
como eu tenho essa coisa de ajudar as pessoas, de servir, para que as pessoas
consigam alcançar seus objetivos, então, eu não penso em me aposentar.
JORNAL - E as mudanças da Previdência Social, expectativas
reais do atual Governo Federal, do Michel Temer?
JOAQUIM - É um desmanche, eu não concordo, eu sou um dos
rebeldes dos cargos comissionados, eu não concordo, os direitos sociais, para
se tirar, primeiro tem-se que comunicar a essas pessoas.
JORNAL - No modo de ser, se considera um revolucionário?
JOAQUIM - Ele pensa antes de responder, toma fôlego e diz: -
Eu sempre fui um lutador da classe estudantil, sempre fui um batalhador pelas
causas, e por isso mesmo nunca me filiei a nenhum partido, eu quando vejo um
objetivo melhor eu vou à luta e assim venho dando a tônica na minha vida.
JORNAL - E as dificuldades, muitas?
JOAQUIM - Muitas, a maior dificuldade que passei foi
exatamente a questão de sair de Uiraúna para trabalhar em Natal, lembro, antes
fui morar no Grande Hotel de Teodorico Bezerra eu morava e trabalhava ali na
Ribeira, aí eu não concordava com muitas coisas de Teodorico, e aquilo foi me
fazendo mal, um dia João Bosco Fernandes, secretário da ARENA, a viúva dele me
disse que saísse que iria me ajudar, e sai dali para a Casa do Estudante, ali
eu não sofri porque quando você vê
pessoas sofrendo mais do que você, o seu sofrimento é visto
diferente. Eu via pessoas, estudantes que não tinha condição de comprar e
comer, fui sempre alegre, um moleque, era brincalhão, e por conhecer muita
gente boa, não tive dificuldades porque vivia envolvido com os conterrâneos. Na
residência Universitária eu não sofri por causa do vínculo de amizade, a gente
partilhava, a família estava perto tinha muito familiar em Natal, e elas sabiam
do nosso sofrimento e nos ajudava.
JORNAL - Este cargo é uma indicação política?
JOAQUIM - Sim, mas a coordenação de Mossoró, ela é conhecida
como a melhor gerência do País, aqueles gerentes que estão ali ninguém meche. E
cita um caso ressente, por causa da greve geral. Eu não posso contrariar estes
amigos, por causa dessa situação de valorização da gerência de Mossoró.
JORNAL - Qual a grande lição de vida?
JOAQUIM - Em 84, Anita Catalão, nos convidou para fazer uma
visita na penitenciária essa foi a minha maior experiência de vida, por causa
daquele dia que passei na penitenciária eu aprendi muito, durante todo o dia
desenvolvemos a nossa participação e durante a noite um daqueles detentos foi
assassinado. Foi a maior experiência de vida para me transformar em um cidadão
exemplar.
JORNAL - Porque não tem sigla partidária?
JOAQUIM - É o seguinte, os partidos não cumprem o que está
no papel, a maioria do pessoal não tem interesse de acompanhar os estatutos do
partido, se fosse diferente eu teria sigla partidária.
JORNAL - Com relação a esta última opinião, como vê a atual
gestão do município de São Miguel?
JOAQUIM - A gestão do município ela está um pouco a desejar,
tá um pouco parada, a gente sabe que todos os prefeitos estão acusando que
deixaram rombos e mais rombos, está precisando melhorar muito, está muito cedo
ainda, mas, eu espero que São Miguel melhore muito, principalmente na questão
saúde, é um pânico, não tem médico permanente no hospital, quando tem! Agente
viu um exemplo aqui mesmo, uma nossa estagiária chegou 11 da manhã e só foi
atendida à noite. Quer dizer, saiu mais doente do que quando chegou, por causa
da espera, os principais motivos, nos temos um deputado da Região que é uma das
primeiras pessoas do governador do Estado, já era pra ter trazido alguma coisa
para cá, o mal desse país é política, eu acho que está faltando isso.
JORNAL - O que é preciso ser feito no município para ajudar
a sociedade micaelense, a obra que falta?
JOAQUIM - Eu tenho um
pensamento, os governantes como prefeito e vereadores eles deveriam
visitar as comunidades, precisam estar unidos, lembro da assembleia itinerante,
ambos deveriam fazer reuniões e sessões e ouvir os anseios da comunidade,
participar da vida na comunidade. Não adianta só dentro de uma Prefeitura ou de
uma Câmara Municipal que os problemas não vai resolver.
JORNAL - E o abastecimento de água da cidade de São Miguel,
qual seria o comentário que o cidadão social, faria neste momento tão difícil
para a classe menos favorecida, ou seja, os pobres?
JOAQUIM - Com relação
ao abastecimento de água de São Miguel, como em todo canto, com o problema da
seca, mas aqui o caso é especial porque o solo está totalmente contaminado com
agrotóxicos, mesmo que o açude do Bonito venha tomar água, nós vamos ficar
vários anos sem água nas torneiras, o solo está contaminado e toda a tubulação
da CAERN está condenada porque está enferrujada, foi feita a dezenas de anos
atrás e momentâneamente o que seria feito poderia ser poços artesianos e a
confecção da Barragem Poço de Varas. Ou se constroi açudes, a situação da água
é crítica, o que vejo é a situação dos agrotóxicos e a tubulação, prejudicando
o bom andamento da questão da água em São Miguel.
JORNAL - Em que um jornal como este pode ajudar a população?
JOAQUIM - Olha, todo jornal e blogguer tem por função é
levar as informações até aos leitores, isso é primordial.
JORNAL - Qual seria a pergunta que não fiz e você gostaria
de responder?
JOAQUIM - Porque você veio para cá?
JORNAL - O contexto do contexto da própria entrevista faz
interatividade quando o entrevistado passa a ser o entrevistador, não é
soliloquiar, é indagar mesmo, por essa característica Joaquim Moreira, tem se
destacado na sociedade micaelense, leiamos a resposta à sua indagação, vai
responder?
JOAQUIM - Claro! No passado, o INSS tinha aquelas pesquisas
rurais, o que acontece! Pau dos Ferros era vinculado a 19 município e eu vim
para essa Região, visitando as comunidades, conheci as pessoas, tinha
relacionamentos, via o sofrimento das pessoas, não esqueço nunca, cheguei numa
casa em Coronel João Pessoa e encontrei numa casa três jovens deficientes em
uma só casa, aquilo me deixou uma lembrança inesquecível, quando eu trabalhei,
aqui, o pai delas veio me visitar, eu levava os bolsos cheios de balinhas e
quando dei para elas foi uma felicidade grande, elas moravam à esquerda do
Campo Limpo, acho que é Queimadas. Aqui em São Miguel teve episódios assim, de
sofrimento e tudo isso foi me aproximando cada vez mais desta decisão de vir
para São Miguel.
continuação da resposta, porque veio morar em São Miguel? -
‘São Miguel tem algo peculiar, diferente de todo canto, é um povo acolhedor, um
povo católico, cristão, acolhedor, o clima é outra coisa, e por ser distante
dos grandes centros, eu sou deste jeito, eu gosto muito de andar à pé, então só
em ser distante, tem uma qualidade de vida, saúde, eu não penso em me aposentar,
graças a Deus, tive decepções na vida, realmente com um comerciante aqui em São
Miguel, só foi esta, muito materialista, mas, depois de desejar paz e saúde,
você não precisa administrar mais nada, aquilo me deixou mal, por isso mesmo,
entre estas nuances vim morar em São Miguel. Me dou bem com todo mundo, aqui o
nosso lema tem como símbolo o bom atendimento, e, por conhecer muitas cidades
do Nordeste e do Norte do Brasil, apesar de tudo isso, escolhi por opção a
cidade de São Miguel para morar. Agora foi eu que escolhi, é terra de gente
boa, por isso estou aqui, cheguei para morar em outubro do ano passado. Encero
esta entrevista agradecendo a você.
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